domingo, 19 de setembro de 2010

NAVIO NEGREIRO

NAVIO NEGREIRO
(Victtoria Rossini)

No navio negreiro
A morte é o cheiro
Que exala no ar

Tombou a coragem
Todos sabem que a viagem
Acaba no mar

Não é o início
É apenas o prelúdio
Da vida zumbi

Já estão todos mortos
Apenas vêem seus corpos
Se arrastando por ali

Não há vida nos olhos
Não há fogo nos ossos
Nem vontade de lutar

A energia se esvaiu
Apenas o que ninguém viu
É onde ela foi morar

A única sensação
Que se espalha no porão
É que a vida os abandonou

Morreram esposas
Morreram maridos
Perderam os filhos
Seus entes queridos...
Todos morreram...
Só eles estão ali
Pra não morrer nunca mais

Ali a morte não chega
Nem pra dor há mais lugar...
E o navio negreiro
Continua navegar

É um barco fantasma
Cheio de almas
No limbo a penar

(Quem tiver ouvido para ouvir...Ouça)


* Postagem original: http://victtoriarossini.blogspot.com/2009/01/navio-negreiro.html

Um comentário:

Terine Moïse disse...

Bonne nuit divine poète Victtoria Rossini!

Le poème est simplement superbe, du grand art! C'est vraiment magique. Spectaculaire!!! Merci de nous le faire partager! Continue ton excellent travail parce que tu as un immense talent, rimes fabuleux.

Mes félicitations!

Succès!

Bisous de Terine